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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Só eu achei machista? (Hope X Benalet)


comercial da Gisele Bündchen para a marca HOPE gerou um super falatório, críticas e mais críticas apontando a campanha como machista, até culminar na decisão de que tal anúncio não deveria mais ir ao ar. Tudo isso porque a modelo aparece comunicando fatos desagradáveis (tipo ter batido com o carro e estourado o cartão de crédito) ao marido de duas maneiras: primeiro vestida normalmente, apontada como a maneira "errada" e, em seguida, usando uma lingerie sensual, que é destacada no comercial como a maneira "certa" de dar esse tipo de notícia. As principais críticas acusavam a campanha de objetificar a mulher ao incentivá-la a "usar seu charme", de mostrar a mulher como um ser submisso e dependente porque bateu com o carro do marido, estourou o cartão de crédito de novo e lalala. Enfim. Realmente, achei a campanha meio boba. Provavelmente foi criada por homens que - coitados - por mais que se esforcem não conseguem entender a mente feminina. Aquela campanha simplesmente não vende lingerie para mulheres. Você, mulher, foi convencida a comprar calcinhas e sutiãs zuper zéxys da HOPE depois de assistir a esse anúncio? Não? Nem eu. Mas essa campanha não passou nem perto de me ofender. Não me senti objetificada, submissa e dependente. Não feriu minha dignidade feminina nem nada do tipo. Achei simplesmente uma campanha fraca e infeliz. Só isso. O que me incomodou mais foi um OUTRO anúncio e, curiosamente, sobre esse ninguém comentou. 

Na minha opinião, a aparentemente inocente propaganda da pastilha BENALET vem muito mais  embuída de um machismo disfarçado. O da Hope, pelo menos, assume, dá a cara a tapa. O do Benalet é camuflado, mas me chamou a atenção na primeira vez que eu assisti ao anúncio, que consiste mais ou menos no seguinte: 
Um casal está jantando num restaurante phyno. Os pensamentos de ambos são revelados aos consumidores. E os pensamentos do rapaz são os seguintes: "Gosto de mulher assim...Não fala demais; se veste bem; come pouco, se cuida" enquanto isso, a menina se queixa mentalmente da irritação na garganta, que a impede de falar, comer, e a obriga a usar uma echarpe (alvo do comentário sobre se vestir bem) em volta do pescoço que a faz passar calor. Além disso, ela parece nitidamente incomodada. Lança uns dois ou três sorrisos amarelos e sem graça para o rapaz, procurando disfarçar as expressões de desconforto. Daí ela saca uma caixa de Benalet da bolsa, a garganta fica boa e ela pensa em tom alegre "e agora... O beijo!". Pra quem não viu, aí vai o vídeo:



Ok, vamos por partes: "gosto de mulher assim" já me parece um comentário meio machista. Pode parecer bobagem, mas simplesmente não soa bem. Daí ele emenda com "não fala demais". Claro. Porque mulher boa é mulher calada e sem opinião, que passa o jantar inteiro ouvindo o cara contar vantagem e bancar o gostosão com histórias sobre as quais ela talvez nem esteja interessada. Submissa, oi?? Imagina... Não parando por aí, ele admira o fato de ela comer pouco e "se cuidar", enquanto a pobre coitada cisca em um pratinho de salada com duas folhas de alface e um tomate cereja, que não deve somar nem 3 pontos nos vigilantes do peso. Se isso é estar se cuidando, a dieta das anoréxicas deveria ser modelo de alimentação saudável. Mais do que apenas machismo, essa fala dele revela a idéia de que pra ser apreciada pelos homens a mulher tem que seguir o padrão de estética imposto pela mídia. Para ser bela, ela TEM que ser magra a qualquer custo. Nem que pra isso tenha que passar fome enquanto o namorado devora uma picanha suculenta ou um belo prato de massa. O comentário mais tranquilo é o elogio à elegância. Esse passa, tudo bem. 
 Aí, pra finalizar, depois de um encontro que provavelmente não foi prezeroso pra ela (vamos recapitular: ela estava com dor de garganta, passou fome, morreu de calor e ficou entediada ouvindo o blablablá do bonitão mal podendo participar da conversa), a moça fica super satisfeita por estar apta a beijar o rapaz. Sendo que, se eles mal conversaram (e provavelmente aquele era um primeiro encontro, tomando por base os pensamentos do cara), ele nem conheceu a verdadeira essência dela. Estará beijando a menina que ele acredita ser aquela que fala pouco, come pouco e se veste bem, e não a menina que ela realmente é. E ela fica feliz mesmo assim porque eles vão se beijar. Isso não parece desagradável? Sabe, se fosse uma coisa puramente carnal, nem digo nada... Mas a propaganda parece querer passar um clima de romantismo e o fato de ele ter uma idéia possível e provavelmente equivocada sobre a personalidade da garota é super #fail pra mim. 

Então, concluindo, o anúncio do Benalet me incomodou bem mais do que o da Gisele Bündchen, tendo em vista que na campanha da Hope, a mulher meio que escolhe ser "objetizada". Ela QUER usar o charme pra seduzir o marido. Faz de propósito e tem uma certa aura de "sou poderosa" em torno dela, enquanto no anúncio da pastilha pra garganta, a mocinha passa o tempo todo retraída. Não vou deixar de comprar Benalet por causa disso, mas confesso que achei super mais machista do que a tão-falada propaganda da lingerie.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

O tempo passa...


Ontem, numa madrugada de insônia, acabei tendo uma daquelas epifanias que a gente só tem nesses momentos de ócio. Às 4 da manhã de segunda pra terça o único programa assistível, pra mim, na TV aberta é o jornal da manhã do SBT. 



Tudo muito bem, até passar uma propaganda anunciando uma promoção de aniversário do referido canal. O apresentador (na verdade, era até o Carlos Alberto, da "Praça É Nossa". Muito minha infância) dava as instruções: os telespectadores deveriam mandar uma carta  - ou seria e-mail? SMS? Sei lá, tempos modernos, né... Provavelmente não era carta. Mas, enfim, era tarde e eu não prestei muita atenção - dizendo quantos anos o canal estava fazendo pra concorrer a um carro zero. Daí eu pensei com meus botões "Hum... Eu lembro bem de quando o SBT fez 18 anos. Então agora ele deve estar fazendo uns... 21?". E aí vem a resposta: 30 anos. TRINTA. Como assim, Brasil???? Eu LEMBRO BEM de quando ele fez 18! Não é aquela memória, assim, remota, de algum dia da minha infância longínqua... É uma memória nítida e clara. Trinta me pareceu um número absurdamente absurdo. Eles estavam roubando. Pularam uns bons anos, certeza! Mas aí fiz as contas... e concluí que eu tinha uns 8 anos quando o canal fez 18. Mas, nossa, parecia que tinha sido ontem! Que crise. Mas, ok, já estava superando quando o jornal recomeçou...

Eis que Hermano Henning anuncia que a taxa de juros para o consumidor nunca foi tão baixa desde 1995. Como se 95 fosse um passado remoto. E eu me lembro de ser gente em 1995. Já tinha consciência da vida, já ia pra escola e tudo mais. E fiquei lembrando de quando eu era pequena e as pessoas falavam que "desde 1980 tal coisa" e eu pensava "nossa, que antigo... ", daí imaginei as criancinhas ouvindo aquela notícia (ok, as chances de alguma criança estar acordada assistindo ao jornal da madrugada são remotas, mas finge, tá?) e pensando "Nossa, 1995, que antigo... Eu nem era nascido ainda". Pois é... eu já! Aliás, não só era nascida como já era uma criancinha interativa! Já falava, andava, pensava racionalmente, comia sozinha e tudo mais. Tem noção do que isso faz com a sanidade mental de uma pessoa?  

E pra fechar com chave de ouro, me lembrei do comentário que fiz numa foto do sobrinho do meu namorado, no facebook da minha cunhada. O menino já vai fazer 1 aninho semana que vem e na foto estava em pézinho na varanda do apartamento, segurando na grade e na pontinha do pé olhando pra fora. Eu escrevi as seguintes palavras "Caramba, ele tá muito grande!! Como pode crescer tão rápido?? Nasceu outro dia, gente!". *Pausa pra vocês perceberem a gravidade da situação...* E aí? fui só eu ou alguém mais viu a carapuça de "TIA VELHA" servindo na minha cabeça?? Já me visualizei, daqui há uns 17 anos, quando ele estiver adolescente, apertando as bochechas, exclamando "como cresceu!" e fazendo a infame pergunta-de-tia: "E as namoradas?? :D". Nooooo. Não posso ser esse tipo de tia. Me recuso a ser esse tipo de tia! Mas eu lembro que, quando era pequena, sempre ficava encafifada com os comentários de "está enorme! Nasceu outro dia!" e eu pensava "ora essa, claro que eu não nasci outro dia! Que coisa besta, o que essas pessoas tem na cabeça? Eu nunca faria esse tipo de comentário sobre uma criança". Aham, cláudia, senta lá... É inevitável. Quando a gente chega a uma certa idade, parece surreal ver o quanto a criança cresceu em tão pouco tempo e, quando você se dá conta, o comentário já escapuliu. 


E é assim que a gente conclui que o tempo passa, o tempo voa, mas a Poupança Bamerindus continua numa boa. Ei...! A propósito, isso também tem tempo, né? Alguém sabe se a Poupança Bamerindus ainda existe?!